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Grávida, sua boca põe em risco a saúde do seu bebê!

  • Foto do escritor: Dr Maico Dutra
    Dr Maico Dutra
  • 11 de abr. de 2019
  • 3 min de leitura

bebê prematuro devido aos problemas bucais durante a gravidez
bebê prematuro devido aos problemas bucais durante a gravidez

É muito comum atender uma mãe que relata ter havido problemas nos seus dentes durante a gravidez, elas vão além, associam a gravidez à perda dental, considerando ser normal perder o dente durante a gravidez. Consideram que a mudança hormonal faz os dentes ficarem moles e cariados. Acreditam que perdem o cálcio dos dentes para o bebê e concluem que não podem tratar problemas bucais durante a gravidez.


Ah, se soubessem o risco ao qual o seu bebê estava sendo submetido, tenho certeza de não teriam negligenciado.

"65% das gestantes ou mamães não foram tratadas durante sua gestação."


Muitas ficaram com infecções agudas, crônicas, gengivite, dentes por extrair ou mesmo dores de dente. Simplesmente não procuraram o dentista, não foram orientadas ou mesmo foram negligenciadas por alguns profissionais, por medo, receio ou ignorância. Muitas vezes com a ideia de “proteção” à gestante ou ao feto em desenvolvimento e muitas por ignorância (no sentido literal - ignorar a verdade sobre os fatos).


“50% das grávidas com dor de dente não vai ao dentista.”


Resolvi criar esse texto como orientação para as grávidas ou mulheres que pensam em engravidar, pois todas precisam de tratamento odontológico. Absolutamente, todas. Vocês verão mais adiante.


Se formos estudar o assunto na internet, encontramos um misto de desinformação, cuidados excessivos e informações desencontradas. Para não correr esse risco, fui a fundo nos trabalhos mais relevantes da literatura científica (estão citados ao final do texto), tanto na área odontológica, de obstetrícia, pediatria e enfermagem.

Já adianto que mesmo na literatura acadêmica, há muita informação contraditória. Na dúvida, pequemos pelo excesso de cuidado.


O que é melhor, ficar com infecção e dor na boca (que pode ir para o corpo todo e para o bebê), ou tratar esses problemas? Não seria mais interessante prevenir e tratar?

As mudanças fisiológicas durante a gravidez geram alguns problemas bucais, que quando não cuidados ou tratados, podem ser responsáveis por problemas seríssimos ao bebê:


  • Partos prematuros (antes de 37 semanas).

  • Bebês nascidos com baixo peso (<2.500g).

  • Pré Eclâmpsia (hipertensão e proteinúria. (após 20 semanas).


Histórico recente:


Será que é bem assim mesmo?


Muitos estudos correlacionavam partos prematuros, pré-eclâmpsia, bebês com baixo peso, abortos espontâneos, diabetes gestacional, à problemas bucais (periodontais). Porém outros estudos não acharam a mesma correlação.

Frente a essa incerteza, foi realizado em 2017 um árduo trabalho publicado na JDR (Journal of Dental Research), no maior congresso de odontologia (IADR – International Association of Dental Research) onde revisaram todos os trabalhos de revisão da literatura sobre o assunto. Um trabalho muito profissional, onde viram onde estava o erro e o acerto de cada trabalho publicado e qual a “confiabilidade” daqueles resultados.


Resumindo, concluíram que há relação entre doenças bucais e:


  • Partos prematuros.

  • Bebês nascidos com baixo peso.

  • Pré-Eclâmpsia.

Ao realizarem coletas bacterianas em nas infecções intrauterina:

  • Placenta.

  • Líquido Amniótico.

  • Sangue do cordão umbilical.

  • Aspirados Gástricos do bebê.

Foram encontradas as mesmas bactérias das doenças periodontais (F. nucleatum e P. gingivalis).

Ou seja, há fortes relações entre doença periodontal, partos prematuros, pré eclâmpsia e bebês com baixo peso.

Não há relação com diabetes gestacional e com mortalidade materna e perinatal (20ª semana ao 28º dia pós-parto).


A explicação é que os problemas bucais (vindos com a gravidez) como gengivite, periodontite, cáries dentais, aumentam a quantidade de bactérias da boca, com maior proporção de bactérias gram negativas (mais agressivas), maior dificuldade de cicatrização dos tecidos (diminuição do ác fólico pois o mesmo vai para o bebê), aumento do sangramento e permeabilidade da gengiva, diminuição de algumas células de defesa, alteração na deposição de colágeno e etc.


As mesmas bactérias encontradas nas doenças periodontais (ao redor dos dentes), foram encontradas na placenta, cordão umbilical, líquido amniótico e nas aspirações gástricas realizadas nos recém-nascidos (F. nucleatum e P. gingivalis).


Isso tudo eleva o nível de mediadores inflamatórios como prostaglandinas, citotoxinas e proteína C reativa. Podendo gerar problemas gestacionais e aceleração no trabalho de parto.

Sei dos problemas que as grávidas encontram e das dificuldades para o tratamento (tema abordado em outro texto). Porém, todas essas alterações são muito graves e merecem ser tratadas com seriedade, pois ameaçam a saúde do bebê e da gestante.


Sendo fundamental que a mulher realize um pré-natal odontológico, até mesmo antes de engravidar e trate qualquer infecção dentária durante a gravidez.

E agora, você acha que não deve tratar doenças bucais durante a gravidez? Você teve alguma complicação dental durante a gestação?

 
 
 

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